quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um dormir entre flores.

Caem as folhas,
Quisera vê-las,
Algo se renova sagaz,
Quisera sentir.
Pois és súbito,
Escravo do louco perfume
Que enrubesce os casais.
Diga, se quiseres,
Que por acaso nasceu o acaso...

Pois bem,
Deste acaso tão causador,
Acaso respiras ar puro... Sem dor.
Tem a abelha o ofício do mel,
E em todo caso, todo ser o seu papel.

Não retrates o que não conheces,
Pois tu quem o diz
És aquele que não enxerga as cores,
E quando a morte bater à porta,
Que seja o eterno leito
Um dormir entre flores.

Engano.

Sob o olhar cúmplice dos livros
O poeta aclama a nova ideia,
Em palco escuro e ermo, tão dele,
Perante a frigidez da plateia.
Cheio de si, galga o tempo
E também a própria imagem,
Permeia as velhas andanças
De feição hostil e selvagem.
Avesso à voz alheia,
Ao presente grego da tolice,
Faz de um sonho matéria escrita
Aquilo a que chamam pieguice.
Salve que o mundo segue,
Nada para, ninguém consente.
Não há aplauso, alívio mútuo,
É o mesmo novo novamente.
E o poeta segue seu ofício
Crendo em fazê-lo por vaidade,
Pois de inocente não avista
Que o verso é feito à humanidade.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A criação.

Vai, maldito inocente,
Erras pelo mundo de amor e ódio,
Procuras sempre loucamente
Quem te faça da vida um novo episódio!

“Cada poema que escrevo é como
Um filho que lanço ao mundo”.

O fim de um dia.

O fim deste louco dia que se aproxima
É igual àquele outro, me desanima,
Turva a visão sempre perfeita
E dá tino ao ouvido por criatura que espreita.
As flores vivas da minha insanidade
Dão-me a idéia sombria da cidade
E seus habitantes cruéis, errantes ao vento,
Artistas e seus papéis: domado é o pensamento.
Venha escuridão profunda,
Revelar a natureza demente e imunda
Do teu servo que não consente,
Sabe que a luz do dia apenas mente
E seca as lágrimas santas da consciência...
Ora, e eu,
Feito menino,
Quero a revelação nua das estrelas
Por mero caos e conivência.