sábado, 13 de agosto de 2011

O que era belo...

Em cólera fez-se aquele tal pranto,
Pedra soberana agora, furor.
Um quebrante das mesmices do amor,
Minha nova face, meu por enquanto.

Sujo e tão singelo, meu amargo passado,
Contemplação cega ao céu de outono...
Sou sangue incrédulo, meu próprio dono,
Já não me torturo de embasbacado.

Das sobras mortas do que eu pretendia,
Só o teu sorriso pra minha alegria:
A lembrança cruel de um sonho quente.

Me fora a sorte fugaz, fora ardente,
E hoje o tempo já não me traz o engano,
E o que era belo me surge profano.

Canção alada.

Cantam as noites vadias
Num assovio de despedida,
Sempre o mesmo acorde triste,
Oh, treva desmedida!
Cá, no meu estar solitário,
Sou a coruja embriagada,
A sussurrar tão melancólica,
Minha canção alada.

Cortejo.

Teu rosto
É de meu gosto,
Teu sorriso me ilumina.
Mas por oposto,
Sou desgosto,
E teu desdém me desanima.

Plano das convicções: soneto imperfeito.

Guardas de prelúdio mera inocência,
Porém atentas pro mal que te investem.
É que voraz se faz da displicência
A mesquinhez dos que muito padecem.

Falam, falam, falam... Enlouquecidos!
Tolos de alma, rochas de coração,
Os que permeiam sós e aborrecidos
As veredas falsas da imensidão.

Dos néscios, na sua cooperação cega,
Vem sempre o incauto de não saber amar.
Falsidade e morbidez, sua entrega,

Andam juntas e sem querer cessar.
Há, contudo, um plano que desconhecem,
Onde a sua demência não pode estar.

Das tuas aflições.

A maldade que me afronta o bom-senso,
Turva-me o caminho e o tino da razão,
São as palavras que te lanço intenso:
Mais do que ditas, adjetivos de aflição.

Amor e ódio andam sempre juntos,
É o que gemem os chacais do espelho.
Bem o sabem que por ora fajutos
São todos os seus desmiolados conselhos.

Por agora desejo o castigo arrasador,
Pois sustenta quem me ama, espinhos de amor,
Num estar às vezes melancólico, de agonia.

Na espera por minha bondade arredia,
Verte o sangue ao invés das lágrimas
Por um amor envolto em lástimas.