sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quem exclama, não sabe que reclama de si.

Miserável este adoecer
Aos poucos, sorrateiro,
Como que pronto para o bote.
Não há nos tempos quem note
Que adoecemos vaidosamente
Num estribilho incessante,
Todo o dia cantado
De forma dolorosa.

E o pássaro jamais fizera uso de suas asas...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Támiris.

Queiras o mundo em barcos de papel,
Pois ele é aquilo o que desejares.
Vá você por infinitos mares
A fitar da água o mais belo do céu.

Avante à proa, no seu teatro oculto,
A lapidar os sonhos e outras intenções,
Levas serenas todas canções
Que falem de amor e não de insulto.

domingo, 8 de agosto de 2010

Há quem ame.

Há sempre o mesmo toque,
Mesmo ímpeto desnudo e carnal,
Confuso em sua primitiva esfera,
Desgarrado,
Obsessivo.
Há quem não goze do perfume de todos os dias,
Dos lábios persuasivos que desferem
Banais carícias e torpes ensejos,
Devassos lábios e diversos.

Olhai atento o amor,
Pois há nele a coragem da constante renúncia.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Falso paradoxo.

Ora,
O bem atenta o mal
Com suas pieguices visionárias
E sua voz meiga,
Cansada da batalha dos corações apaixonados.
O mal, porém,
Não retribui o infortúnio,
Deixa estar, na situação e no tempo.
Sabe o mal que o bem
Anda enganado,
Esquizofrênico...
Pois é que não mais
Reconhece a própria imagem refletida no espelho.

Ela.

Tão desdenhosa é a raiva
Que às vezes me invade,
Direcionada às tuas tantas faces feias,
Pois que quando sorris vai-se a maldade,
E corre-me novamente sangue calmo nas veias.

Cinzas.

Na densa e obscura razão
Respira o intelecto previdente,
Sob a jura cinza da paixão,
Por arte, tão somente arte,
Avidamente,
Como todo anjo caído...
Atirado às trevas do mundo,
Num simples esboço de tristeza,
Condenado, na verdade,
À própria sorte.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Brasil.

Num suingue bobo
Dançam os porcos
Envolvidos em lama fresca,
E a festa do jeitinho aquele
Conta uma história suja.


Inerte é o tempo
Que nada pôde ensinar.